Sexualidade e Identidade


Heterossexualidade compulsória e Heteronormatividade: Você sabe o que é ou se está vivenciando isso?



Imagem: Adaptado pelo autor deste blog desta imagem


Usarei muito estes termos aqui no blog e para não precisar explicar o significado de cada um toda vez decidi explicar aqui e depois só disponibilizar o link que facilita a vida.
Já falei recentemente AQUI sobre termos que vem surgindo com o passar dos anos, mas esses termos não são tão recentes assim e confesso que fiquei sabendo a poucos anos e quando descobrir as coisas começou a fazer sentido na minha cabeça que estava em pleno estágio de aceitação e confusão. Vou explicar cada um certinho.

 Vamos lá?



Heterossexualidade compulsória

 Imagem: GPS Brasília

Este termo foi criado pela feminista Adrinne Rich em 1980, numa análise sobre a experiência lésbica. A heterossexualidade é muito reforçada nas mídias seja em novelas, filmes, histórias, contos de fadas, etc., e isso faz com que muitas mulheres construam uma ideologia de romance heterossexual, o famoso “a espera de um príncipe” que acaba virando uma “doutrina”, as mesmas psicologicamente naturalizam a heterossexualidade como padrão que ela deve seguir e banaliza quaisquer pensamentos homossexuais que tiver levando a uma “forçada” vida de heterossexual.
Quando eu falo “forçada” não estou falando de uma imposição direta, mas, sim de experiências que subconscientemente leva a mulher se reconhecer como heterossexual sem nunca ter parado para questionar sua sexualidade ou tentar negar caso sinta algo por alguém do mesmo sexo. Isso é mais comum do que você possa imaginar e a maioria do publico lésbico já passou por isso ou está passando.
Muitas meninas quando começam a descobrir a sexualidade e começa a ter atrações por meninas acabam tentando impor em sua mente que deve ser curiosidade ou fase.
Esse comportamento de heterossexualidade compulsória muitas vezes é eliminado depois que o individuo já teve relacionamentos heteroafetivos ou até mesmo filhos e decide sair do armário e é visto como “fulana virou lésbica” sendo que ninguém vira nada, ela sempre foi lésbica, mas forçava a acreditar que não.
Uma coisa que também pode ser explicado (e eu sei muito bem disso) é o fato que muitas meninas se assumem bissexuais por ainda se prenderem em relacionamentos com meninos, mas com passar do tempo acaba perdendo o interesse pelos mesmos e sentindo atração apenas por meninas e se reconhece como lésbica. Que fique claro que a bissexualidade não é um processo de transição para homossexualidade, existem sim pessoas bissexuais, o que quero enfatizar é que na sociedade a heterossexualidade é tão naturalizada que as pessoas compulsivamente creem que há a necessidade/obrigação de desejar o sexo oposto.
Isso pode acontecer tanto com lésbicas como gays. E como disse, as pessoas quase nunca questionam sua sexualidade pra saber se é isso mesmo que ela gosta ou está mantendo aquilo por que viu e ouviu de terceiros, questionar a sua sexualidade ainda é um tabu que deve ser derrubado, acho que todos deveriam procurar se entender, entender o que é e do que gosta independente se é publico LGBTQ+ ou não, conhecer a companhia que vai levar pra sua vida toda, que é você, é essencial pra que tenha um bom relacionamento durante esse período.

 Heteronormatividade

 Imagem: Colorir.com


Esse termo é mais recente, criado em 1991 por Michael Warner, esse conceito serve para explicar como a sociedade exige que os indivíduos organizem as suas vidas conforme o modelo da heterossexualidade. Por tanto, a heterossexualidade vai deixar de ser apenas uma orientação sexual e vai passar a ser uma forma de organização social.

A heteronormatividade é tão presente no cotidiano quando você vai ao médico e ele pergunta se tem namorado, quando você está ficando jovem e se não tiver namorando ou está ficando para “titia” ou é lésbica, não pode ter amigos meninos muito íntimos que logo ficará “falada” ou se for menina seu sonho deve ser mãe e casar de branco tendo ligações com estereótipos de gênero também. Um exemplo claro de heteronormatividade é que sempre perguntam  para casais de lésbicas/bissexuais “quem é o homem da relação” ou para casal de gays/bissexuais “quem é a mulher da relação”, como se para um relacionamento der certo necessariamente necessita de um homem e uma mulher tornando assim a heterossexualidade como norma.



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#Visibilidade Bissexual: Relatos, Bifobia e Vídeo


        Dia 23 de setembro foi o dia da celebração bissexual (é estou um pouco atrasada) e eu não poderia deixar de escrever sobre isso aqui no blog. A bissexualidade ainda é pouco discutida pois a maioria das discussões giram em torno da homossexualidade e heterossexualidade. Entretanto, o "B"da sigla LGBT existe assim como eles, embora exista toda essa invisibilidade.
        Eu poderia trazer mil histórias de como é maravilhoso a diversidade que existe em nossa sociedade e como é aceita mas sabemos que não é assim que funciona. A bifobia que é o termo usado para discriminação de um bissexual por causa de sua sexualidade existe e por isso eu trouxe vários relatos de bissexuais contando as dificuldades e preconceitos vivenciados.
      Como não sou bissexual, eu mandei um formulário simples para oito pessoas para realizar um vídeo, a identidade dessa pessoas ficaram anônimas assim como preferiram.

Vamos lá?

 É só apertar o play!




"Você sempre ouve que deve ser uma fase."

"Me assumi coo lésbica, mas percebi que ainda tenho atração por homens". Tenho medo de me assumir bissexual, isso é um segredo." 

"Pessoas falando que sou bi por não ter coragem de assumir a minha homossexualidade." 

"Ah sempre me perguntam se não sou indecisa..."

"...Ou curiosa."

"Meu namorado terminou comigo quando descobri que eu era bi com medo de eu largar ele para ficar com menina."

"Eu já sofri bifobia tanto por heterossexuais como homossexuais."

 "Pensei que teria mais aceitação pelos meus pais por ser bi já que eram homofóbicos, estava enganada."

"Sempre no Tinder recebo aquela mensagem já que é bi rola mènage á trois?"

"Meus pais falam que é putaria pegar uma hora homem outra mulher, não entendem."

"Sempre minto sobre relacionamentos em consultas e questionários."

"Nós bissexuais existimos sim!"

"Queremos ser reconhecidos."

"Respeitados." 

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Você sabe a diferença de sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual?
Imagem: Playbuzz
         Você deve conhecer os símbolos da imagem, são os símbolos dos gêneros binários, homem e mulher, mas se eu te falar que não existem apenas essas identidades de gênero acredita?
 

Falar a respeito de diversidade, seja sexual ou de gênero, era (e ainda é em muitos lugares e para muitas pessoas) considerado um tabu, pois a sociedade se construiu historicamente sobre um modelo de família tradicional heteroafetiva sendo como o único padrão ideal de família ou relacionamento.
Com o movimento humanista (séculos XIV e XVI) o homem começou a se colocar como o centro de todas as coisas existentes no universo (antropocentrismo) e despertar curiosidades sobre o corpo humano. Questionamentos em busca do autoconhecimento levantando questões de identidade como “quem sou eu?” e sexualidade como “por quem/que meu corpo se sente atraído?”.
Entretanto, assuntos relacionados à sexualidade começaram a ganhar força após a Revolução sexual ou Libertação sexual, movimento que ocorreu durante os anos de 1960 até 1970, cujos assuntos pautados eram sexo fora do casamento e normatização da homossexualidade e diversos outros assuntos relacionado à sexualidade humana.
Com essa diversidade sexual e de gênero é comum ficar confuso, como dito anteriormente são assuntos que são pouco debatidos e ainda tem muito que debater. Ficou curioso(a) para aprender mais sobre tudo isso? É só ler o post até o final, aproveite e curta nossa página do Facebook no canto direito do blog para não perder nenhuma atualização aqui e quem sabe compartilhar este post com um(a) coleguinha que se interessa pelo assunto, ou até mesmo ser afrontosa e mandar para um grupo de família ou amigos.

Vamos lá?

É comum a confusão entre identidade de gênero e orientação sexual, coisas como “é lésbica, mas não se veste como homem”, “é gay, mas não precisa ser afeminado”, “todo transgênero é homossexual” e por aí vai...

Lição 1: O termo “opção sexual” não é mais utilizado, o correto é “orientação sexual”.
Lição 2: Substitua o termo “órgão reprodutor masculino ou feminino” por “órgão sexual”, pois esse órgão não é utilizado só para reprodução e você sabe disso!



Identidade de gênero

É a maneira como você se identifica, sendo masculino, feminino, os dois ou nenhum dos dois. É importante ressaltar que a identidade de gênero pode ter ou não associação com o sexo biológico, ou seja, você pode nascer com órgão sexual masculino e se identificar ou não como “homem”, ou com órgão sexual feminino e se identificar ou não como “mulher”.
Dentro às identidades de gênero temos:

Gênero não-binário ou Genderqueer 

 É um termo utilizado que engloba várias identidades de gênero que não são exclusivamente homem ou exclusivamente mulher. Dentre eles podemos ter:
 
  • Bigênera: Pessoa que se identifica tanto como homem como mulher.
  •  Agênera:Pessoa que não se identifica nem como homem ou como mulher, também conhecida como “pessoa sem gênero”. Esse termo é muito utilizado no mundo da moda quando se faz uma peça que podem ser utilizada tanto por homens como por mulheres, está questão levanta uma questão de estereótipos de gênero que será explicado mais adiante.
  • Demigénera: Pessoa que se identifica parcialmente com um gênero, podendo ser demiboy (se identifica parcialmente como homem) ou demigirl (se identifica pessoalmente como mulher).
  • Gênero fluido: Pessoa que varia seu gênero com o tempo, ás vezes se identifica com um gênero, noutras se identifica com outro, com todos, ou com nenhum. 
Caso fique na duvida de como se dirigir a pessoa como "ele" ou "ela" espere e veja qual pronome utiliza. Exemplo: Se pessoa utiliza termos como cansadO, sozinhO. espertO ou cansadA, sozinhA e espertA. Se tiver mais intimidade você pode perguntar discretamente como prefere ser chamado. 

Cisgênero, cisgénero ou cissexual
  
São pessoas que se identificam com o gênero que foi designado em seu nascimento, ou seja, se identifica com designação que socialmente recebeu baseado em seu sexo biológico. Com isso, temos “homens cis” e “mulheres cis”, em palavras mais simples, me nomearam mulher quando eu nasci e eu me identifico como mulher, logo eu sou uma mulher cis que é o mais comum (eu disse comum, não normal!) na sociedade.

Transgênero    
       Pessoa que não se identifica com o gênero que foi designado de acordo com seu sexo biológico ao nascer. Para compreender melhor que as questões identidade de gênero vão além de sexo biológico imagine uma situação que acidentalmente um homem tem seu pênis amputado ele automaticamente não deixará de ser “homem” se o mesmo se considera e por isso um transgênero pode ou não fazer a cirurgia de mudança de sexo ou um homem trans pode ou não retirar os seios, tudo depende dele(a) afinal temos total liberdade para escolhas do que iremos ou não fazer com nosso corpo.
Também vai além de estereótipos impostos pela sociedade. Estereótipos de gênero é a classificação que a sociedade faz envolvendo comportamentos ou características para “homens” ou “mulheres”, você se depara com estereótipos o tempo todo desde que nasceu, um exemplo visível na sociedade que estamos inseridos é que se você nasce mulher deve gostar de rosa, brincar de boneca, usar vestido e escolher profissões consideradas “femininas” ou homem deve usar azul, gostar de futebol e escolher profissões “masculinas”. Entretanto, esse assunto é extenso e é um ótimo tema para outro post.
Quem sabe explicar muito bem a questão de estereótipos e identidade de gênero é a querida Thiessita, uma mulher trans que tem um canal no YouTube que eu super sigo e sou fã. No seu canal ela explica que as questões de transgêneros vão além desses estereótipos de preferir o “rosa ou azul” ou “preferir jogar bola em vez de brincar de boneca”, até porque você pode gostar de camisas da sessão “masculina” e ser “mulher cis”, como eu no caso. Deixarei o link do canal da Thiessita  AQUI  caso queira entender mais sobre esse assunto de transgênero, transição e sexualidade.
 Importante você saber que um trans gostam de ser chamado por pronomes de acordo com o sexo que se identifica como  "ele" ou "ela".

Questões de identidade não só de gênero são muito amplas, afinal cada ser humano é único.
De Oliveira em seu artigo Liberdade de gênero e sexualidade: o papel da educação na construção da identidade (2017), conclui que a escola tem um papel importante na quebra de preconceitos e estereótipos enraizados na sociedade. Você pode estar lendo o artigo completo AQUI que fala sobre a construção de uma identidade, não só de gênero, e, como a sociedade influencia nessa construção.

Orientação sexual

Quando falamos de orientação sexual estamos se referindo a que/quais gênero(s) a pessoa se sente atraído fisicamente ou emocionalmente.
Vejamos uma ilustração simples: 
Imagem: Geledés 

Assexualidade
 Não confunda com “assexuais”, pessoas que não sentem atração sexual por nenhum dos gêneros. Está representada como preta, pois seria a ausência das cores do arco íris. 
A área cinza é uma área muito ampla, seria a variação entre a assexualidade e sexualidade, pessoas que se sentem atraídos por determinadas condições . Dentre eles podem ter:
  • Grey-assexuais: raramente sentem atração sexuais.
  • Demissexuais: Pessoas que sentem atração sexual apenas quando mantêm laços afetivos, quando estão "apaixonados" por alguém ou se têm um "carinho" pela pessoa.
  • Fray-assexuais: Pessoas que sentem atração sexual apenas quando não está apaixonado por alguém.
  • Autossexuais: Pessoa que sentem atração sexual apenas por si mesmo.
  • Sapiossexuais: Pessoas que sentem atração sexual pelo intelecto de outra pessoa.
Pessoas que se encontram na zona preta e cinza sofrem pressões sociais devido à sexonormatividade, são considerados “virjão”, ataques como “não gosta e sexo porque não te pegaram direito” ou até mesmo confundidos com anti-romanticos, que são pessoas que não gosta de romantismo.
Infelizmente a assexualidade é definida por muitos psiquiatras como um transtorno,  diariamente vemos propagandas comercializando produtos que prometem “desenvolver o libido”, e, também há poucos conteúdos na internet sobre esse assunto, todavia eu vou indicar um blog chamado Sobre o cinza, que você pode estar acessando AQUI, o blog é de domínio da Nathália, uma mulher demissexual, o blog não está tendo atualizações, mas os conteúdos postados anteriormente discute muito bem esse assunto.

Sexualidade
 Também possui uma gama de divisões, é representado por pessoas que sentem atração sexual por algum(ns) gênero(s). Está representado de branco para representar a presença de todas as cores do arco íris. Dentre elas temos:

  • Heterossexuais: Pessoas que sentem atraídas por pessoas do gênero oposto.*
  • Homossexuais: Pessoas que se sentem atraídos pelo mesmo gênero.*
  • Bissexuais: Pessoas que se sentem atraídas por mais de um gênero, geralmente possui relações heterossexuais e homossexuais.
  • Panssexuais: Pessoas que possuem atração sexual independente da identidade de gêneros, ou seja, atração sexual por todos os gêneros.
*Cabe ressaltar que o texto objetiva explicar a diversidade dentro da sexualidade humana e por isso foca em “pessoas”, entretanto heterossexualidade e homossexualidade esta presente não só na espécie humana.


Lição 3: Homossexualidade e heterossexualidade são termos utilizados quando se trata de orientação sexual, questões sentimentais/emocionais como amor e relacionamentos o certo é utilizar termos como homoafetividade ou heteroafetividade.


Por hoje é isto, espero que tenha gostado e aprendido muito, fazer um post assim por mais que eu goste da certo trabalho, pois sempre tem que ter muitas pesquisas e fontes confiáveis além de todo cuidado com a seleção de palavras para não haver outras interpretações. Fique ligado(a) nas próximas matérias e agora não tem mais desculpas para confundir identidade de gênero e orientação sexual.

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